Observação a olho nú ou através binóculos e/ou telescópios:



Observação a olho nú ou através binóculos e/ou telescópios:


Virgem é uma constelação muitíssimo interessante de ser observada, por várias razões:

A olho nú e em lugares de céus escuros e transparentes, podemos observar a presença de muitas estrelinhas pouco luminosas espraiadas ao longo de uma imensa região do céu ocupada por esta constelação - com a exceção de suas estrelas Alpha, Beta e Gamma - Spica, Zavijavah e Porrima -, respectivamente, todas três situadas bem próximas à Linha da Eclíptica e, dessa forma, sendo visitadas com freqüência pela Lua bem como pelo Sol uma vez ao ano e pelos Planetas em suas trajetórias ao longo do Zodíaco.  

Spica é uma estrela que sempre chama atenção por seu brilho e sua altivez.  Um tantinho ao norte, outra estrela acompanha  e rivaliza com Spica: é Arcturus, a estrela Alpha do Boieiro.  Ainda antes da chegada de Spica, o Corvo, em seu vôo elipsal voltado para o sul, vem anunciando a Virgem.   Em termos das constelações do Zodíaco, o garboso Leão antecede a Virgem e realmente seu desenho de estrelas é bem impressionante e bem marcado pela estrela Alpha Regulus, o pé do rei dos animais, e pela estrela Beta Denebola, sua cauda.  Entre o Leão e o Boeiro, encontraremos um pedaço do céu que é verdadeiramente maravilhoso: a Cabeleira de Berenice, com suas tímidas estrelinhas formando suas sedosas mechas - espetáculo que pode ser visualizado somente em lugares de céus escuros e transparentes, com toda a certeza.  E a Virgem é seguida pela Balança, constelação que se evidencia por suas duas estrelas ponteadoras dos pratos a serem bem equilibrados, Zubenelzenubi e Zubenelschemalli.  A Balança marca a presença do Escorpião - de tal forma que, antigamente, as estrelas Alpha e Beta Librae eram consideradas como as Garras do Escorpião. 

Para quem pode usufruir de morar ou visitar lugares de céus escuros e transparentes, é sempre muito interessante se poder acompanhar o enredilhado rastejador das tímidas estrelinhas da Hydra, com sua cabeça apontando para a também tímida constelação de Câncer acolhendo seu maravilhoso Presépio, berço de estrelas-bebês que viajam juntas, e com seu coração batendo intensamente através sua estrela Alpha, Alphard, e seu corpo seguindo enredilhando e rastejando apresentando o sul para o Leão, para a Taça, para o Corvo, para a Virgem..., indo terminar na Balança.

Alguns mapas celestes nos mostram um dos pés da Virgem já adentrando a constelação da Balança e é interessantíssimo se notar o fato de que neste lado do céu surge a figura estranha da Cabeça da Serpente, belíssimo asterismo a ser observado apenas em lugares de céus escuros e transparentes.  A Cabeça da Serpente parece estar guardando tanto os pés da Virgem quanto, e fundamentalmente, a Coroa Boreal, espetáculo de retirar o fôlego, pequeno arco de estrelas situado entre o Boeiro e o Herói Sentado, Hercules.

Como vimos, a observação a olho nú da Virgem e seus arredores é realmente muito interessante e nos apresenta um belíssimo canto dos céus estrelados!

Virgem é a maior constelação dentre as 13 que fazem parte do Zodíaco, a Roda dos Animais: o Sol caminha pela Virgem do dia 14 de setembro ao dia 29 de outubro.

Mal o Sol, em seu aparente percurso, deixa a constelação do Leão e adentra a constelação da Virgem, acontece o ponto de entrelaçamento das Linhas do Equador Celestial e da Eclíptica e esse é o momento da chegada da Primavera para o hemisfério sul e do Outono para o hemisfério norte.  Este ponto encontra-se bem próximo à estrela Beta Virginis, Zavijavah. 

Mesmo que não vejamos esse momento - a não ser que aconteça algum eclipse total do Sol.... - é sempre interessante que possamos ter esse conhecimento sobre a constelação da Virgem.  Sorte teve Albert Einstein: esta foi a estrela por ele usada para confirmar sua teoria, durante o eclipse solar de 21 de setembro de 1922, que aconteceu próximo a esta estrela. 

Em termos de uso de binóculos, penso que possivelmente muitos daqueles objetos  mencionados mais adiante neste Trabalho  estarão se  apresentando mais como nebulosas ou aglomerados abertos e globulares... do que como galáxias ou conjunto/aglomerados de galáxias...., mas sei dizer com toda a certeza que, através telescópios - amadores e menos potentes e/ou profissionais e mais e mais potentes e ainda todo um cabedal de infraestrutura tecnológica sempre modernizada e atualizada e disposta a exercer o avanço do conhecimento do espaço profundo - esta é a região mais rica, mais provocante, mais desafiadora e mais densa dos céus estrelados em termos de observação de suas tantas e tantas Galáxias e, fundamentalmente, do Aglomerado de Galáxias de Virgem, o mais próximo a nós!

Richard H. Allen nos diz que Sir William Herschel, em seu tempo de um passado ainda não tão distante de nós, encontrou entre a estrela Denebola, Beta Leonis, e as estrelas Beta, Gamma, Eta e Delta Virginis nada menos do que 323 nebulosas, que mais tarde foram acrescidas para mais de 500 - ou seja, muito mais nebulosas do que as estrelas vistas a olho nu nesta constelação.  Ao longo dos tempos, a maior parte dessas  ‘nebulosas’ vêm se transformando em aglomerados, em galáxias, em conjunto de galáxias...   (Eu, Janine, tive a felicidade de visitar Bath, na Inglaterra, cidade adotada por Herschel para morar e para apontar seu telescópio para o céu estrelado e descobrir Urano!).

A bem da verdade, a Virgem vem sempre nos surpreendendo a respeito dos objetos que, a partir de seu delineamento enquanto constelação, são buscados, encontrados, catalogados.  A cada avanço na tecnologia de busca no espaço profundo - lentes gravitacionais, redshifts, telescópios poderosos na Terra e no Céu..., etc., etc., etc. -, mais e mais objetos são trazidos à tona do nosso conhecimento, para nosso total embevecimento. 

Em relação a aquilo que podemos nomear enquanto Aglomerado de Galáxias de Virgem, existe já a insistência de não somente acolher este Aglomerado junto a alguns tantos outros pertencentes ao nosso Grupo Local e formar aquilo que denominamos enquanto Superaglomerado Local..., como a de se fazer  este ser conhecido como Superaglomerado Virgo!... - mesmo que este Superaglomerado não seja estimado como pertencente ao rank dos grandes superaglomerados.

De tal forma a astronomia nos surpreende com seus passos avançando astronomicamente através o tempo e o espaço, que começa a surgir em nossa mente a possibilidade de que possam existir Aglomerados de Superaglomerados em nosso Universo! 

O que me comove na ciência da Astronomia é o fato de que não existem nem começo nem fim..., ou seja, jamais poderemos literalmente ver o Big Bang (porque estamos nele inseridos!) e jamais poderemos literalmente ver todas as possíveis e as também impossíveis, imaginadas ou inimaginadas, transmutações que o Universo vai sempre fazendo acontecer!  Na Astronomia, não existem passado, presente e futuro... existe apenas o aqui-e-agora nesse tempo e nesse espaço que ora vivenciamos, apenas isso. 

(Sonhando.....) Se um dia eu puder me evadir do Planeta Terra e viajar ainda para além do nosso quintal do nosso Sistema Solar..., levarei comigo não Beethoven e sim Mozart (com todo meu respeito a Beethoven) e uma pequena edição (com a tradução de Wu Jyh Cherng do chinês para o português) dos 81 capítulos do Livro do Caminho e da Virtude, de Lao Tse, o Mestre do Tao.  A meu ver, Mozart e Lao Tse fazem parte da música e da compreensão da vida despidas de passado, presente e futuro, apenas esta interseção do tempo e do espaço nesse momento de minha vida, sempre.

................  É por esta e por outras tantas razões, que venho nomeando este meu Trabalho de Da Terra ao Céu e ao Infinito

Este meu Trabalho pressupõe trazer ao conhecimento do Caminhante do Céu, do Amigo das Estrelas, as 88 Constelações acolhendo seus dados, seus mitos, suas histórias, suas estrelas, suas nebulosas, seus aglomerados globulares e abertos, seus aglomerados de galáxias, seus superaglomerados...., muralhas de luz e de sombra..., etc., etc., etc., enfim, tudo aquilo que astronomicamente pode caber em nossos alfarrábios - ou pelo menos, tudo aquilo que eu, Janine, simples amante dos céus estrelados, conseguir amealhar a partir de minha compreensão ainda e sempre amadora e braheana.

Com um abraço estrelado,
Janine Milward